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O Condicionamento Físico do Cavalo Atleta

O que significa ter um animal "bem condicionado" fisicamente?

Cada vez mais o mundo dos esportes equestres exige de seus competidores, e o grande diferencial para se alcançar a vitória nos resultados pode ser um bom condicionamento físico.

Para que o cavalo de esporte consiga chegar no dia da competição em sua melhor forma, ele deve ter a capacidade de se recuperar do esforço realizado nos treinos, precisa ter qualidade e eficiência músculo-esquelética, capacidade e resistência cárdio-respiratória e além de tudo isso deve estar bem hidratado, alimentado e suplementado para que não lhe faltem nutrientes essenciais para um bom desempenho!

Todo o processo de manejo do cavalo deve estar relacionado com seu condicionamento físico.

Uma alimentação balanceada, um bom programa de treinamento e avaliações periódicas com o médico veterinário responsável são essenciais para o sucesso nos esportes equestres!


Já que os movimentos derivam da força muscular, quando o cavalo não está bem condicionado para participar de competições mais pesadas, o sistema muscular entra em colapso, liberando ácidos láticos para o interior das fibras musculares. Esta acidose, associada à fadiga muscular, prejudica e limita o movimento em casos mais leves, mas poderá ser fatal ou deixar seqüelas irreversíveis ao sistema locomotor.

Sendo assim, o programa de condicionamento físico deve buscar o equilíbrio entre o trabalho leve e o pesado, a fim de desenvolver todos os tipos de fibras musculares.

Existem diferenças e peculiaridades entre as raças de cavalos no que se refere à composição das fibras musculares e suas diferentes funções: Os cavalos Marchadores, e também os cavalos Árabes, possuem músculos com fibras de contração lenta, com predomínio de músculos lisos. Sendo assim mais resistentes. Os cavalos Puro Sangue Inglês possuem músculos com fibras mistas. Sendo assim rápidos na resposta e ao mesmo tempo possuindo certa resistência. Os cavalos Quarto de Milha possuem músculos com fibras de contração rápida, apropriadas, para as arrancadas potentes e os galopes vigorosos e velozes, porém em distâncias curtas.

Avaliando a Condição Física do Cavalo

A condição física pode ser medida através de vários parâmetros objetivos:
Taxa cardíaca:

Normal de 30 batimentos / segundo, não devendo exceder a 64, mas podendo atingir um pico máximo de 150 a 180 batidas/minuto em trabalho mais intenso (ex.natação)

Taxa Respiratória:

Normal de 10 a 15 ciclos/minuto, podendo atingir um pico máximo de 50 a 60 em trabalho mais intenso (ex. natação).

Taxa de recuperação cardíaca:

Taxa cardíaca após o trabalho menos a taxa cardíaca antes do trabalho dividido pelo tempo gasto para recuperar o batimento normal.

Metabolismo:

Alguns testes podem ser feitos, tais como: Verificação da coloração das mucosas: tonalidade vermelho escuro indica baixa concentração de oxigênio nos músculos;

Teste da prega cutânea:

Puxar uma dobra de pele na tábua do pescoço e soltar. Se após 3 segundos não voltar ao normal, é sinal de desidratação;

Taxa de restabelecimento capilar:

Faça uma pressão com os dedos na gengiva. A coloração ficará esbranquiçada. Se não voltar à cor normal dentro de 3 segundos é sinal de desidratação, fadiga;

Condição muscular:

Verifique o tônus da musculatura e eventuais tremores. Poderá ocorrer uma rigidez (miopatia) ou contratura localizada.

Fezes e urina:

Quando as fezes estão secas e duras é sinal de falta de água no organismo. Quando as fezes estão moles, é sinal de estresse ou distúrbio intestinal. Quando a urina se apresentar de coloração amarelo escura, sinal de fadiga. Quando o volume da urina for reduzido, é sinal de desidratação.

Perda de peso:

Quando o trabalho está sendo realizado em excesso e existe deficiência na alimentação, o animal apresenta alteração clínica.

Temperatura:

Normal de 38 graus

Sudorese:

Suor branco leitoso, espumoso, indica pouca resistência. Em serviço pesado, é normal o cavalo suar um volume de liquido de até 15 litros.+


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Pensando no Futuro

O programa de condicionamento físico dirigido deve ter início a partir da apartação. O objetivo é a estruturação gradual dos sistemas de sustentação e locomoção - cascos, ossos, tendões, ligamentos e músculos, chamadas estruturas passivas, que se desenvolvem com mais rapidez. Isso é alcançado a partir de uma alimentação balanceada logo após o desmame, com a orientação do médico(a) veterinário(a), poderá ser aproveitado todo potencial genético de cada animal!

Deve-se ter o devido cuidado com os exageros, que primeiramente parecem benéficos, com um potro forte e pesado, mas no futuro mostram os efeitos da sobrecarga e do descaso pela imaturidade das estruturas.

Simultaneamente, mas a longo prazo, os sistemas respiratório e circulatório, que são as chamadas estruturas ativas, também serão capacitados para suportarem um esforço físico gradativamente maior, com a elaboração de um programa de treinamento onde todas as estruturas e todo o metabolismo trabalhem para alcançar o máximo de eficiência.

Obviamente, o programa de condicionamento físico é delineado com base no tipo de atividade a ser desempenhada pelo animal e objetivando fortalecer eventuais deficiências localizadas no tronco e/ou membros.


Exercícios de Condicionamento

Os exercícios são divididos em gerais ou específicos.

Os gerais atingem o animal no seu todo. São realizados com a finalidade de trabalhar a musculatura no geral e também o sistema cárdio-respiratório.

Os específicos são dirigidos para fortalecer áreas debilitadas ou que necessitem atenção especial para uma determinada finalidade, sendo trabalhada cada região ou musculatura especificamente.

O principal trabalho é o da musculação, que a exemplo do ser humano, tem uma resposta mais rápida durante a fase de crescimento. Na raça Campolina a taxa de crescimento apresenta uma das curvas mais acentuadas, a partir dos 6 meses até os 20 meses, aproximadamente.

Daí em diante, o crescimento é mais lento, porem também mais tardio. O cavalo Campolina somente atinge a maturidade plena – capacidade reprodutiva, desenvolvimento ósseo e muscular - entre os 5 e 6 anos de idade. Todavia, a partir dos 24 meses de idade, a maturidade óssea já terá atingido praticamente 90%, com respostas mais lentas aos exercícios de condicionamento físico. A altura adulta já estará praticamente completada entre os 3 e 4 anos de idade.


Os exercícios de alta intensidade devem ser intercalados com os de baixa intensidade, a fim de preservar a integridade física do animal. Devem ser levados em conta fatores tais como a idade, o comportamento e o estado físico geral - condição anatômica, condição morfológica, peso, condição motora nos diversos tipos de andamentos e estado clínico.

Determinados exercícios não são indicados para animais muito novos, até um ano de idade, aproximadamente. Acima dos 18 meses, os animais já estarão aptos a suportarem uma carga maior de exercícios.

Quanto ao comportamento, cavalos mais ativos exigem exercícios mais prolongados e frequentes, enquanto cavalos linfáticos exigem exercícios de menor intensidade, intercalados por períodos maiores de descanso.

Quanto ao estado físico, se o animal apresenta alguma deficiência, ou vem de uma recuperação de afecção, o condicionamento deverá ser adaptado ao tipo de situação.

O segredo do sucesso é a progressividade, com base na escolha adequada dos tipos de exercícios e na persistência em intervalos regulares A meta é condicionar o cavalo tanto física quanto mentalmente. Para animais montados, uma regra básica é evitar os aumentos na velocidade dos andamentos simultaneamente aos aumentos na distância percorrida.

A ginástica feita com as varas de salto no chão, estimula a resposta proprioceptiva e melhora a resposta e elevação dos membros!


Cada Cavalo é um Cavalo diferente!

A individualidade é o melhor guia para a condução de programas de condicionamento e treinamento. São as reações do cavalo que orientam os procedimentos a serem tomados. Mais do que em qualquer outro esporte equestre, a pressa é a inimiga numero 1 no processo de preparação do cavalo atleta.

Do nascimento até a maturidade, as transformações estruturais (ossatura e musculatura) sofridas pelo cavalo são marcantes. Geralmente, todo cavalo é possuidor de uma ou mais deficiências, sendo essencial que sejam identificadas precocemente, para que possam ser corrigidas ao longo do programa de condicionamento físico.

Todos os animais devem ser trabalhados nos exercícios gerais, que são a guia de redondel, trabalho de sela nos andamentos naturais, exercícios em liberdade dirigidos, em uma pista. Para cada região do corpo e membros podem ser aplicados diferentes exercícios de condicionamento:

Exercícios Direcionados

Confira algumas maneiras de realizar uma ginástica localizada, alcançando mais rapidamente seus objetivos!

Tórax

Quando estreito, o melhor exercício é a natação, que deve ser iniciada em uma distância de até 50 metros na primeira semana, 75 metros na terceira semana e 100 metros do segundo mês em diante. A natação deve ser combinada com exercícios de solo, tipo guia de redondel e exercícios em liberdade. Subidas e descidas em um desnível íngreme fortalecem a musculatura. Um outro exercício, se possível, é a caminhada em leitos de rio, com água até a altura do tórax.

Costelas

Para forçar o arqueamento das costelas, recomenda-se a natação e as caminhadas, puxando o animal ao trote, ou marcha.

Cernelha

Para fortalecimento da cernelha o melhor exercício é o salto, inicialmente sobre pneus deitados e, em seguida, sobre tambores deitados. O salto pode ser executado em trote, marcha ou galope, no redondel, com ajuda do cabresto, do charreteamento ou em liberdade. Mas cuidado, os excessos podem provocar afecções nos membros, principalmente quando o exercício é conduzido sobre terreno de areia fofa.

Dorso-lombo

Esta é uma região de fortalecimento a longo prazo. Os exercícios específicos são o salto e as transições de andamentos: passo/trote (ou marcha) e vice versa, passo/galope e vice-versa, galope/esbarro e vice-versa, e assim sucessivamente. O objetivo é desenvolver uma musculatura forte e uniforme, essencial para exteriorizar o potencial atlético desejável. Os exercícios em círculos alternando as mãos também fortalecem e alongam esta musculatura.

Garupa, nádegas, coxas, pernas e jarretes

Exercitar em caminhadas ( em marcha ou trote ) de uma hora em dias alternados. Animais jovens devem ser puxados ao cabresto. De preferência, o terreno deve ser ondulado, para forçar o trabalho de membros posteriores nas subidas. Outros exercícios específicos são o salto e o recuo, que deve ser efetuado corretamente, no charreteamento ou durante o trabalho de sela. Com a nuca flexionada, sem ultrapassar a linha de 90 graus entre o chão e o chanfro do cavalo, com a boca fechada, aumenta-se a velocidade do recuo, exigindo um maior engajamento de posteriores e impulsão.

Espáduas, braços, antebraços e joelhos

Os exercícios específicos são a natação, o salto, as caminhadas. Os exercícios gerais também desenvolvem rapidamente estas regiões. O objetivo é buscar o máximo de potência, com boa flexibilidade e elasticidade. Ginásticas usando cavaletes e pequenas alturas trabalham muito bem estas regiões, tanto nos anteriores quanto nos posteriores.

Sistemas respiratório e circulatório

São áreas de capacitação a longo prazo, dependendo dos aumentos da frequência e intensidade dos exercícios. Principalmente no caso da prática de enduros e concursos de marcha, torna-se essencial para as vitórias que o cavalo tenha uma boa resistência. O melhores exercícios são a natação e as longas cavalgadas, em andamentos cadenciados. Cuidando sempre da hidratação, é claro!


Fonte: Cavalo Atleta / http://www.cavalodosuldeminas.com.br/